Instituto presente na Fundação Arte e Vida
Solidariedade, amizade sincera, honestidade e fé. São nestes pilares que Dona Isabel Conceição da Silva, 60 anos, e ainda em busca de sua aposentadoria, se sustenta para manter o projeto social denominado Fundação Arte e Vida. O slogan ela pronuncia de forma enfática – arte de viver com dignidade.
A ação acontece no município de Zé Doca e atende a 420 crianças carentes da cidade, graças à atitude de voluntários que se dedicam a alfabetizá-las, além de repassar conhecimentos nas áreas de crochê, bordados, tapetes, etiqueta, música, reforço escolar, cidadania e relações humanas.
“Se a gente não estivesse aqui, estaria na rua, atentando e caçando sacrifício pra mãe”, conta Carlos Eduardo, 10 anos, que se beneficia das brincadeiras e estudos ofertados pelo projeto.
No último final de semana, a equipe do Instituto Federal do Maranhão, formada por profissionais de diversos campi, que estavam em Zé Doca participando do I Fórum de Dirigentes de Planejamento e Gestão, fizeram uma visita ao local, onde pararam no intuito de ouvir a longa história de Dona Isabel, que começou com um sonho, enquanto dormia, aos oito anos de idade, no município de Caxias. Segundo ela, um anjo loiro apareceu-lhe entregando crianças para que tomasse de conta.
A partir daí, começou a trabalhar como ajudante de carpinteiro, fazendo pontes nos interiores e ajudando pessoas em hospitais. “Cheguei a trabalhar 250 metros de chão adentro em busca da realização do sonho, não consegui porque venho de uma família pobre, mas que tinha respeito e amor”, revela Dona Isabel. O pagamento desta última atividade veio anos depois, com a doação de um terreno para que fosse construída a fundação.
“Em 2005 saí pedindo tijolos, areia e ferro e, em maio de 2007, as portas se abriram”, relembra, sem deixar de ressaltar que falta de dinheiro não é motivo para que as coisas não aconteçam, principalmente quando se têm amigos e prevalece a solidariedade.
“Ninguém faz nada sozinho. Deus deve estar em primeiro lugar, e em segundo, os colaboradores”, ensina a mulher que foi alfabetizada aos dez anos de idade e parou de estudar para cuidar da mãe, que desenvolveu uma doença mental.
A afinidade com o Instituto veio logo que a escola foi implantada na cidade. Hoje, a ajuda chega em forma de cestas básicas, arrecadadas em gincanas escolares, em forma de arte, através da decoração do espaço, feita por professores da área.
Presente no local, o reitor José Costa convocou sua equipe de trabalho a buscar outras formas de apoio ao projeto.
“Minha emoção é de alegria, e não de tristeza, por estar aqui presenciando essa força de amor e paixão que move a senhora. É uma ação que precisa ser colocada em evidência”, expressou a diretora do Campus Centro Histórico, Denise Bogéa.
“Ela me comoveu ao revelar que a vontade é a faculdade da alma”, disse a pró-reitora de Ensino, Marise Piedade. “O importante é termos a certeza de que podemos contribuir”, reforçou o diretor do Campus Zé Doca, Ivaldo José da Silva.
Para Dona Isabel, o espaço Arte e Vida já é a realização de um sonho, que veio para tirar crianças da marginalidade e, apesar das dificuldades encontradas ao longo desta luta, ela prossegue com os ensinamentos, afirmando que pobreza não é feiúra, feio é não ter oportunidades, caráter e verdade. “Esses são os principais defeitos que encontro em muitas pessoas, que podem, mas não ajudam”, concluiu.
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