3° Seminário Parfor reúne mais de 600 pessoas em Caxias
Durante três dias (5 a 7 de novembro), o Campus Caxias sediou a última edição do evento anual que vem reunindo integrantes do Plano Nacional de Formação de Professores da Educação Básica (PARFOR), organizado pela Pró-Reitoria de Ensino (PROEN). Com o número de participantes estimado em mais de 600 pessoas de diversas regiões do Maranhão e outros estados, a programação do 3º Seminário PARFOR incluiu palestras, mesas redondas e rodas de conversas com pesquisadores convidados, lançamentos de livros, oficinas temáticas, além de apresentações de trabalhos de pesquisa pelos próprios alunos do programa e atrações culturais.
Segundo a professora Eliane Pinto Pedrosa, coordenadora geral do programa no IFMA, o Seminário deu continuidade a diferentes iniciativas de discutir e socializar as ações relacionadas ao tema do evento este ano (“Inovação e Produção Científica na Prática Docente”) no âmbito do Instituto, integrando os resultados dos trabalhos desenvolvidos pelo PARFOR nos diversos campi. Em 2015, o diferencial em relação às edições anteriores foram as rodas de conversa, que promoveram um contato mais estreito dos pesquisadores convidados com o público, além do lançamento de livros e a ampliação da exposição de trabalhos, nos formatos de banners e comunicações orais. Eliane Pedrosa informou que cerca de 30 pessoas participam da execução do programa no IFMA, contando-se os coordenadores de cursos e nos municípios, além de servidores técnicos da Reitoria e dos campi.
O reitor Roberto Brandão considerou que os cursos de licenciatura oferecidos pelo IFMA atendem à demanda de qualificação de professores em atividade nos diversos municípios alcançados pela instituição, favorecendo seu acesso a programas de formação nas disciplinas relacionadas às ciências naturais. “Nosso objetivo é sempre ampliar a oferta e chegar a regiões onde há profissionais, mas sem habilitação”, disse Roberto Brandão, destacando ainda o aspecto de a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB, Lei n° 9.394/96) exigir formação superior adequada dos professores da educação básica. Sobre o 3º Seminário PARFOR, o reitor ressaltou o alto nível dos palestrantes convidados, dos temas e conteúdos propostos para o debate durante a programação.
De acordo com a pró-reitora de Ensino Ximena Bandeira, a programação do evento teve a parceria de instituições de educação superior maranhenses e de outros estados. “O objetivo do Seminário é socializar os conhecimentos e saberes desenvolvidos no PARFOR, além de integrar os campi nas ações”, disse a gestora, esclarecendo que em 2009 o IFMA firmou o termo de adesão ao programa com a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) do Ministério da Educação (MEC). Desde então, 685 professores já foram atendidos por meio de cursos de licenciaturas plenas nas áreas de Artes Visuais, Biologia, Física, Matemática e Química, em 13 campi do Instituto.
Chefe do Departamento de Políticas Especiais (Depes) da PROEN, setor responsável pela execução do programa, a professora Alice Cadete ressaltou que o Instituto cumpre seu papel social ao ofertar iniciativas inclusivas como o PARFOR, que alcançam as escolas públicas das redes municipais e estadual. Segundo ela, os seminários contribuem para a reflexão dos professores nas cidades alcançadas pelo programa, sobre o que vem sendo feito pelas parcerias com as esferas públicas, e seu impacto tanto no desenvolvimento econômico e político local quanto no exercício da cidadania.
Para o diretor geral do Campus Caxias, João da Paixão Soares, foi notável o envolvimento de servidores do Instituto na realização de um evento voltado a discutir um tema pertinente como a educação. O gestor chamou a atenção para a peculiaridade de os alunos atendidos pelo PARFOR serem professores do ensino básico, e que o Seminário teria reflexos no exercício profissional em sala de aula. Para exemplificar o alcance do programa a outros municípios, João da Paixão Soares informou que o Campus Caxias, onde os cursos de formação são ofertados desde 2012, conta atualmente com cerca de 80 alunos do PARFOR, sendo a maioria das cidades de São João do Sóter e Aldeias Altas.
Palestrantes

Em palestra coordenada por Alice Cadete (à mesa), Ana Iorio (UFC) questiona conceitos de pesquisa na escola
Maria de Fátima Félix Rosar, da Universidade Federal do Maranhão (UFMA), argumentou que a realização do 3º Seminário PARFOR, além de contribuir com a projeção do Campus Caxias na região, dava viabilidade às políticas realizadas no âmbito dos institutos federais voltadas à formação de professores em licenciaturas, que cobrem áreas das ciências da natureza com reconhecida carência de quadros profissionais nas escolas básicas. Na conferência de abertura do Seminário, Fátima Félix, que coordena o Grupo de Pesquisa História, Sociedade e Educação no Brasil (HISTEDBR), vinculado à Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), tratou de questões teórico-práticas do trabalho docente no panorama contemporâneo, e os impactos sofridos pelos processos de globalização e expansão do modo de produção capitalista. Nesse contexto, a conferencista abordou ainda as implicações de ordem metodológica e epistemológica nas atividades de ensino, pesquisa e extensão.
Para Ana Maria Iorio Dias, da Faculdade de Educação da Universidade Federal do Ceará (Faced/UFC), o Seminário permitiu aos professores participantes socializar e “repaginar” os conhecimentos teóricos e práticos ligados ao trabalho em sala de aula. “O evento é uma oportunidade de dialogar com quem realmente constitui a educação básica no país e especificamente no Maranhão”, disse ela. Ana Iorio apresentou palestra argumentando que a pesquisa no campo da educação muitas vezes passa despercebida em razão do entendimento de que os professores não produzem conhecimento no cotidiano escolar. No entanto, a palestrante avaliou que as iniciativas de buscar formas de melhorar o aprendizado dos alunos, por exemplo, podem ser compreendidas como forma de pesquisa, que leva a reflexões e leituras da realidade, resultando em uma relação mais estreita entre docentes e alunos.
“A atitude dos professores que se integram ao PARFOR é de busca e de inovação”, afirmou a pesquisadora Rosália Maria Ribeiro Aragão, livre-docente pela Unicamp, referindo-se ao interesse dos profissionais de aprimorarem continuamente a prática em sala de aula. Sobre o evento, a professora destacou a oportunidade de os participantes relatarem entre si experiências, avanços e outros aspectos relacionados ao seu trabalho como professores da educação básica. Em sua palestra, Rosália Aragão abordou alguns indicadores curriculares ligados ao ensino de Ciências e Matemática, associando-os ao olhar dos profissionais docentes e às perspectivas do ensino no século atual.
A física Samara Clotildes Saraiva Rodrigues, do Instituto Federal do Piauí (UFPI), trouxe aos participantes a experiência do projeto de divulgação, em escolas de educação básica, sobre o Ano Internacional da Luz – como 2015 foi proclamado pela Organização das Nações Unidas (ONU). Segundo a professora, as tecnologias baseadas na luz, além de contribuírem com o desenvolvimento da sociedade, despertam o interesse pela educação científica, especialmente diante de resultados de pesquisas que revelam o baixo conhecimento sobre o tema entre alunos do ensino fundamental.
Professora da Universidade Federal do Pará (UFPA), Josenilda Maria Maués da Silva apresentou na palestra de encerramento do Seminário sua experiência como coordenadora do PARFOR naquele estado (o maior no âmbito do programa), ampliando a discussão para o quadro atual e as perspectivas no cenário nacional. “É importante que [os participantes do evento] tenham clareza de como funciona a lógica da formação de professores nesse Plano, e quais as possibilidades que se colocam a partir dele na formação continuada dos docentes”, disse a palestrante, destacando nesse sentido a gratuidade do programa. De acordo com Josenilda Maués, apesar de recente receio de cortes orçamentários federais na área da educação, o PARFOR segue como ação prioritária e com a perspectiva de continuidade.
Mesas redondas e rodas de conversas

Rosália Aragão (microfone) coordenou mesa redonda com Inês Trevisan, Cristiano Macêdo e Alberes Cavalcante
Reunindo pesquisadores e especialistas convidados para tratar de diferentes questões ligadas à formação e à práxis de professores da educação básica, o Seminário com espaços nos quais os participantes puderam estreitar o intercâmbio e enriquecer o conhecimento de distintos contextos.
A professora Inês Trevisan, do Departamento de Ciências Naturais da Universidade Estadual do Pará (DCNA/UEPA), Campus Altamira, participou de mesa redonda em que se abordaram questões filosóficas e teóricas que levam a desafios do ensino de Ciências na educação básica. Segundo a expositora, as aulas de campo constituem um desses desafios, por não serem plenamente concretizadas como atividades práticas no cotidiano das escolas, em vista do contexto pouco propício para sua realização pelos professores. “De certa forma, o professor se sente despreparado com a responsabilidade de encaminhar alunos para fora do ambiente escolar”, disse ela, chamando ainda a atenção para a falta de uma discussão a respeito dessa questão nos cursos voltados à formação docente.
Nelson Antônio Pirola, professor da Universidade Estadual Paulista (Unesp), Campus Bauru, abordou em mesa redonda e roda de conversa o ensino e aprendizagem da Matemática na educação básica. Segundo ele, tanto os fatores cognitivos quanto os afetivos influenciam o aprendizado das crianças, devendo ambos ser considerados nas relações que se estabelecem no dia-a-dia de sala de aula. Com a experiência de já ter coordenado o PARFOR no interior do estado de São Paulo, Nelson Pirola considerou que a formação oferecida pelo programa proporciona aos professores melhores condições de exercer suas atividades profissionais.
“Nós pesquisadores precisamos de retroalimentação permanente, e essa diversidade de visões dá sentido à prática educativa”, disse Leônidas Lopes da Silva, professor do IFMA no Campus Monte Castelo, em referência ao encontro e à troca de experiências entre os professores que participaram do Seminário em Caxias. Em uma mesa redonda sobre as inovações tecnológicas na educação, Leônidas da Silva argumentou que sua implementação na prática se torna inviável se não forem consideradas as diferenças de aprendizagem e perfis dos alunos, bem como as necessidades pedagógicas e os fatores objetivos e subjetivos encontrados pelo trabalho docente.
Oficinas
Quase 20 oficinas oferecidas por professores e alunos do PARFOR aos participantes demonstraram a diversidade temática do evento. Propondo reflexões, desenvolvimento de habilidades e propostas metodológicas aplicadas à prática de ensino, os cursos trataram de uma variedade de temas.
A partir da exibição do filme O Pequeno Príncipe, a diretora de Ensino do Campus Caxias, Waldirene Pereira Araújo, debateu com o grupo sobre a utilização e possibilidades didáticas da linguagem cinematográfica no ambiente escolar. Também autora de livro lançado durante o Seminário, acerca da formação do professor pesquisador, a gestora ressaltou que as atividades do evento promoveram o compartilhamento dos saberes e os modos de fazer ciência entre os participantes.
Para a professora Marise Piedade Carvalho, do Campus Monte Castelo, o atual programa de extensão universitária federal, que abrange o PARFOR, tem feito com que as ações de educação e formação alcancem localidades antes pouco favorecidas, elevando os indicadores sociais e fazendo o país avançar nas pesquisas educacionais. Ela apresentou oficina abordando a questão do planejamento, e disse ter escutado relatos de professores em formação que participavam do Seminário, acerca das possibilidades de transformação oferecidas pelo programa, com a ampliação, no próprio local em que vivem, do conhecimento científico e profissional, através das atividades teóricas e práticas, bem como do acesso a fontes de pesquisas e recursos de publicação de seus trabalhos.
Nas salas de artes, ocorreu a união de turmas das oficinas de origami e práticas corporais, oferecidas pelos professores Marcelo Cruz e Silvana Cintra, respectivamente. Em clima de descontração, os participantes puderam desenvolver tanto as habilidades manuais quanto a sensibilidade musical, movimento e ritmo. “A cultura corporal não pode ficar fora do contexto da educação, pois a educação do corpo inteiro é muito importante para os alunos interagirem e terem uma melhor integração social”, disse Silvana Cintra, do Campus Monte Castelo, destacando os benefícios dessas atividades para a capacidade de concentração, descontração e relaxamento, que influenciam o processo de ensino e aprendizagem.
“Foi uma tarde de informação, pois antes eu não tinha conhecimento para avaliar o nível de inteligência de um aluno”, disse a professora em formação Emilene Carvalho, que estuda no 5º período do curso de Licenciatura em Biologia no Campus Caxias. Ela participou da oficina “Altas habilidades/Superdotação: Eficiência ou Deficiência?”, oferecida pela professora Denilra Mendes Ferreira. No curso, os participantes discutiram o tema e elaboraram material para abordagem em sala de aula, a fim de identificar perfis de inteligência e talentos em ambientes com a marca da diversidade entre os alunos.
Exposições de trabalhos
Na tarde do último dia de programação, o espaço externo do prédio principal do Campus Caxias abrigou a exposição e avaliação de 39 trabalhos de pesquisa, no formato banner e apresentações orais, nas áreas de Biologia, Física, Matemática e Química.
Maceônio Madeira, aluno do curso de Licenciatura em Física no Campus Imperatriz, apresentou um modelo de barco a vapor, desenvolvido a partir de estudo em co-autoria com a professora Jardenia Lima de Sousa. O experimento demonstrou a transmissão de calor por condução, com a conversão de energia térmica em energia mecânica. Maceônio Madeira relatou que lecionava no ensino fundamental, a ampliou suas perspectivas depois de tornar-se professor em formação pelo PARFOR. “O curso tem somado grandiosamente no meu trabalho como professor e também tem mudado a rotina de minha escola”, disse ele, referindo-se à troca de experiências com os demais docentes e à própria participação em um projeto de divulgação científica nas escolas.
Sobre o processo de avaliação dos trabalhos expostos, a chefe do Departamento de Educação Superior de Tecnologia do Campus São João dos Patos, Ana Cristina Albuquerque, explicou que as pesquisas foram apreciadas por um profissional pedagogo e um especialista na área de conhecimento do trabalho avaliado, considerando-se diferentes critérios. Segundo a pedagoga, a avaliação abrange o conjunto do trabalho, como a clareza e segurança do expoente quanto ao tema tratado, a profundidade da pesquisa, a pertinência e coerência das informações textuais e visuais que compõem os painéis.
O professor Aranaí Rabelo da Costa, do curso de Licenciatura em Física do Campus Monte Castelo, atuou durante a exposição de banners como avaliador especialista nessa área. Ele disse que os trabalhos teóricos e práticos, muitos com material de fácil acesso, demonstraram que a produção de conhecimento na prática docente pode ser feita segundo a realidade de cada escola, mesmo quando não se dispuser da estrutura de um laboratório de ponta. A esse respeito, contudo, Aranaí da Costa observou que as pesquisas científicas atingem resultados mais precisos e eficazes quando utilizam equipamentos e materiais mais avançados. Ele ressaltou ainda que a formação de professores pelo PARFOR estimula as atividades de pesquisa na prática docente na educação básica.
Além dos trabalhos realizados pelos professores em formação, a diretora de Desenvolvimento de Ensino no Campus São José de Ribamar, Ivesmary Loureiro Magalhães, participou da exposição de painéis apresentando os resultados de estudo feito com a psicopedagoga Mariceia Ribeiro Lima, tratando justamente do PARFOR no panorama do IFMA. O estudo concluiu que a implantação e consolidação do programa formativo no Maranhão tiveram um impacto significativo no aumento do percentual de professores de educação básica com formação superior em uma licenciatura adequada, nas áreas em que atuam nas redes públicas de ensino.

No encerramento do 3° Seminário PARFOR, participantes, organizadores e convidados celebraram o sucesso do evento
GALERIA DE FOTOS
[3° SEMINÁRIO PARFOR – 5 a 7 de Novembro de 2015 – Campus IFMA Caxias]
- Equipe da PROEN
- Oficina sobre inteligências múltiplas
- Tabela periódica de latas de sardinha
- Sarau poético com alunos
- Mesa de autores que lançaram livros
- Mesa redonda sobre diversidade
- Gestores e palestrantes reunidos no Seminário
- Oficina sobre poluição da água
- Modelo de barco a vapor em exposição
- Espetáculo de dança com alunos
- Movimento intenso em todos os dias do evento
- Mesa redonda sobre inovação na escola
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